quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Fundador de Igreja da Maconha













Fundador de igreja cultiva maconha e defende uso religioso
Em entrevista ao TodoDia, líder diz que se baseia no artigo 5º da Constituição para usar a ‘planta sagrada’ em rituais.


Foto: Geraldinho Rastafári, fundador de igreja em Americana, defende utilização da maconha em práticas religiosas.
Americana é sede da Primeira Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil - resumidamente, uma igreja rastafári -, de acordo com seu fundador. A religião é conhecida pelo uso da maconha em seus rituais e Geraldo Antonio Batista, conhecido como Geraldinho Rastafári, 51, cultiva a “planta sagrada” na sede da congregação, na Praia dos Namorados. 


Ele não possui autorização para realizar o plantio, mas se baseia na liberdade religiosa prescrita pelo artigo 5º da Constituição Federal para a prática. O inciso sexto diz que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. 

“A Constituição Federal é nossa lei maior. Além disso, não há qualquer outra lei que exija que eu tenha uma autorização judicial para plantar a cannabis (sativa, nome científico da maconha) e poder exercer minha religião”, argumenta ele, completando que ainda tem a seu favor uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o Santo Daime, que utiliza em seus rituais um chá alucinógeno. 

A Niubingui existe há quatro anos e Geraldinho nunca foi preso por causa das plantações. “Não sou bandido, muito menos traficante. Em toda a minha vida nunca fiz uso indevido da maconha, nem nunca estive envolvido com o narcotráfico. Apesar de o uso da cannabis ser devido nossa congregação, acreditamos no direito individual de escolha e também não induzimos ninguém a fazer uso da planta. Temos muitos frequentadores que não são usuários”, contou. 

Para o rastafarianismo, a cannabis permite que o usuário penetre na real verdade, com absoluta clareza, e, desta forma, se aproxime de Jah (Deus). Os devotos seguem o Velho Testamento e a bíblia utilizada por Geraldinho é uma versão do Rei James. “Há inúmeras citações na Bíblia sobre o uso da maconha e lá diz que ela é um presente de Deus para o ser humano, para que ele suporte o peso de carregar a consciência. Aqui nos reunimos, fumamos a planta sagrada e discutimos a verdade uns com os outros”, explicou o rastafári, que também é ambientalista e marketeiro político, além de estudioso da cannabis. 

DEBATES 

Questionado sobre como faz para manter a igreja, Geraldinho explica que realiza alguns eventos, onde cobra ingressos e vende comes e bebes. “Nestes eventos, geralmente escolho um filme para assistir com os frequentadores, como ‘Matrix’, por exemplo, e discutimos o filme na perspectiva religiosa. Aí vendo pipoca, um vinho, cerveja”, disse. 

O estudioso da maconha acredita que a liberação da planta não deve acontecer no Brasil em curto prazo, pois ela tem mais de 25 mil utilidades e, caso seja liberada, afetará diretamente a indústria brasileira. 

“O que as pessoas precisam entender é que a cannabis não deixa o usuário em estado alterado como outras drogas e nem causa overdose. Ninguém nunca morreu por causa de seu consumo. Ela é proibida porque é uma planta com inúmeras utilidades que, se for plantada no quintal de cada um, é autossustentável”, finalizou.

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