Como funcionarão os exércitos de robôs
Exterminador do Futuro" nos mostrou um futuro onde batalhões de robôs sentimentais e humanóides travaram uma guerra contra a humanidade. Embora essa visão ainda esteja relacionada ao domínio da ficção científica, muitos países estão pesquisando a criação de soldados robôs, incluindo os Estados Unidos (em inglês). Na verdade, em 2001, a lei Floyd D. Spence National Defense Authorization Act estabeleceu uma meta para as Forças Armadas dos Estados Unidos: criar uma força de veículos de combate não-tripulados que seria equivalente a um terço de todos os veículos em operação atualmente. Até agora, os designs dos robôs não se parecem com o Exterminador, mas podem ser tão letais quanto ele.
O plano Future Combat Systems (Sistemas de Combate do Futuro) do Exército dos Estados Unidos é um plano abrangente para modernizar os sistemas militares do país em todas as divisões das Forças Armadas. 0 plano requer um sistema de batalha integrado, ou seja, uma frota de diferentes veículos que irão usar até 80% de peças iguais, novos sensores autônomos projetados para captar informações no campo de batalha e sistemas de lançamento não-tripulados que podem disparar mísseis contra inimigos fora da linha de mira e diversos robôs.
O plano Future Combat Systems (Sistemas de Combate do Futuro) do Exército dos Estados Unidos é um plano abrangente para modernizar os sistemas militares do país em todas as divisões das Forças Armadas. 0 plano requer um sistema de batalha integrado, ou seja, uma frota de diferentes veículos que irão usar até 80% de peças iguais, novos sensores autônomos projetados para captar informações no campo de batalha e sistemas de lançamento não-tripulados que podem disparar mísseis contra inimigos fora da linha de mira e diversos robôs.
Os robôs dividem-se em quatro categorias:
* Veículos Aéreos Não-Tripulados (VAN) projetados para missões de vigilância e reconhecimento.
* Veículos Terrestres Não-tripulados Pequenos (VTNP) que podem adentrar áreas perigosas e reunir informações sem arriscar a vida dos soldados.
* Utilitário Multifuncional/Logística e Equipamento (MULE) veículos elaborados para fornecer suporte em situações de conflito
* Veículos Robóticos Armados (VRA) que pesam 9,3 toneladas e podem carregar plataformas de armas ou equipamentos de vigilância sofisticados.
Os MULE e os Veículos Robóticos Armados podem marcar o início de uma maneira de lutar. Há três versões propostas dos Utilitários Multifuncionais/Logística e Equipamento (MULE), sendo que todos eles se deslocarão sobre rodas. Duas das variações semelhantes aos atuais robôs militares são: um veículo de transporte que poderia carregar mais de uma tonelada de equipamento e um veículo projetado para detectar e desativar minas terrestres antitanque. A terceira variação é um dispositivo de veículo robótico armado com luz de intimidação (ARV-A-L). Ele terá um sistema de reconhecimento, vigilância e aquisição de alvo (RSTA), além de armas integradas. Em outras palavras, esse robô se parece com um soldado humano, que pode entrar em combate com o inimigo.
Os robôs dos veículos robóticos armados se parecem menos com soldados e mais com tanques. Na verdade, a intenção do Exército é utilizar os robôs ARV-A como um suporte para missões de veículos tripulados. Por exemplo, o comandante de um esquadrão de tanques poderia utilizar robôs ARV-A para ampliar a área de atuação da sua equipe sem a necessidade de mais soldados. Os robôs poderiam ocupar as posições mais perigosas e fornecer apoio sempre que os veículos tripulados entrassem em uma situação de combate.
Em razão de cortes no orçamento, muitas das iniciativas mais caras, que incluíam os Sistemas de Combate do Futuro, talvez tenham de ser adiadas por tempo indeterminado. Os Utilitários Multifuncionais/Logística e Equipamento (MULE) e os veículos robóticos armados (ARV-A) estão nessa categoria. Como conseqüência, é possível que demore muitos anos para vermos robôs americanos sendo utilizados como combatentes em cenários de guerra. Entretanto, os militares dos Estados Unidos estão determinados a continuar investindo em robôs com a esperança de que, um dia, eles possam ocupar o lugar dos soldados humanos em situações perigosas.
Nesse artigo, vamos dar uma olhada em como funcionarão esses robôs e em como os soldados-robôs podem mudar o perfil da guerra para sempre.
Na seção a seguir, veremos a função do soldado-robô.
Esquadrões de robôs
Em condições ideais, os soldados robôs seriam capazes de atingir as mesmas metas militares que um grupo de humanos atingiria. Eles terão de ser autônomos e capazes de identificar alvos, fazer uma distinção entre as forças amistosas e as inimigas, entrar em combate com o inimigo e interagir com outras pessoas além de simplesmente disparar uma arma (em inglês). No momento, a maioria dos robôs é controlada remotamente por um ser humano em uma situação de comando, embora alguns robôs tenham uma autonomia limitada e possam se deslocar do ponto A para o ponto B com uma supervisão mínima. Para que um exército de robôs seja uma força de combate eficiente, seria melhor se os robôs pudessem avaliar as situações e tomar decisões sem se basear na opinião humana.
SSG Lorie Jewell, Exército dos Estados Unidos Os robôs militares de hoje como |
Uma grande preocupação dos militares e engenheiros é a possibilidade de um robô apresentar defeitos. A chance de um robô disparar contra forças amistosas ou observadores inocentes faz parte, freqüentemente, das discussões sobre o uso de robôs armados. Pode parecer paranóia, mas, no passado, robôs que apresentaram defeitos provocaram temores. Em 1993, um robô do esquadrão anti-bombas de São Francisco apresentou problemas durante uma missão para desativar uma bomba. O robô começou a girar de forma descontrolada antes que pudesse agarrar o explosivo. Felizmente, o robô não o detonou [fonte: The New York Times (em inglês)].
Os militares afirmam que a meta de utilização de veículos não-tripulados e robôs é poder entrar em combate sem o risco de baixas humanas. Outra vantagem é que, embora caros, os robôs realmente podem custar menos do que os soldados humanos no campo de batalha, uma vez que os robôs requerem manutenção, mas não precisam de benefícios de saúde ou aposentadoria. Eles também podem ser capazes de servir por períodos mais longos do que os soldados humanos.
Muitas pessoas acreditam que os robôs nunca substituirão os soldados humanos por completo, mas eles serão usados em missões especialmente perigosas ou entediantes. Um soldado-robô nunca vai se entediar, portanto ele é ideal para a função de guarda ou em longas missões devigilância. A Coréia do Sul (em inglês) planeja utilizar robôs para patrulhar sua fronteira com aCoréia do Norte (em inglês). Estes robôs são chamados de Robôs Inteligentes para Vigilância e Guarda e utilizam câmeras infra-vermelhas e comuns para detectar invasores a uma distância de até 4 km. Os robôs podem perseguir um alvo, solicitando um número de acesso codificado quando estiverem a 10 metros do invasor. Se o alvo não puder fornecer o código correto, o robô poderia emitir um alarme ou até disparar uma arma contra o invasor.
Na seção a seguir, vamos aprender sobre o tipo de equipamento necessário para tornar os soldados-robôs uma realidade.Ferramentas e armas robóticas
Atualmente, há robôs no mercado que podem carregar e disparar armas (em inglês) comoescopetas, spray de pimenta, lançadores de granada ou até mísseis Hellfire. O robô Veículo robótico armado (MULE) do Utilitário Multifuncional/Logística e Equipamento (ARV-A-L) pode disparar uma arma com linha de mira e armas que destróem tanques. Os robôs Talon, controlados por controle remoto, podem carregar tudo, desde uma metralhadora M240 a um rifle calibre 50, ou granadas e lança-foguetes. O robô de patrulha sul-coreano (em inglês) pode disparar contra invasores ou carregar uma metralhadora K-3, uma metralhadora mais leve e parecida com a M249.
O veículo terrestre não tripulado do Utilitário Multifuncional/Logística e Equipamento poderá carregar armas, como lança-mísseis ou metralhadoras |
- Armas de Intimidação Multifuncionais (AIM) lançadas sobre os ombros, projetadas para destruir casamatas, desativar veículos blindados e invadir fortificações.
- Metralhadoras 240 ou M249.
- Sistema de Fumaça de Obscuração para Veículos Leves (SFOVL), um dispositivo que lança granadas de fumaça.
- Sistema de Ruptura de Obstáculos Anti-pessoal (SROA), um foguete que reboca uma linha conectada a granadas de fragmentação. Ele foi desenvolvido para destruir obstáculos como minas terrestres.
Um robô grande e pesado poderia lidar com armas que são muito desajeitadas, pesadas, perigosas ou potentes demais para os humanos. O veículo robótico armado com luz de intimidação (ARV-A) poderia carregar um canhão de calibre médio, um sistema de mísseis e um sistema de metralhadora pesada. O Exército pretende utilizar robôs como o ARV-A principalmente como um suporte para os veículos tripulados, portanto o armamento tem de ser comparado ao de umtanque.
Ilustrações do artista das três variações do Utilitário Multifuncional/Logística e Equipamento |
A principal meta do projeto Sistemas de Combate do Futuro é criar uma plataforma universal que o Exército e outras forças possam incorporar aos sistemas militares a partir de agora. Um dos desafios que os militares enfrentaram ao longo dos anos é uma combinação de equipamentos, veículos e softwares que não estão integrados entre si, dificultando a coordenação das batalhas e as discussões táticas. De preferência, todos os robôs militarescompartilharão uma plataforma comum, oferecendo aos oficiais a opção de confiar em vários robôs em uma missão complexa. Por exemplo, os veículos aéreos não tripulados poderiam manter uma área sob vigilância, transmitindo informações para os veículos terrestres não tripulados à medida que eles adentrassem a área.
Na seção a seguir, saberemos por que algumas pessoas estão preocupadas com a possibilidade da existência de exércitos de robôs.
Eficiência, economia e ética
A primeira dificuldade para um exército de robôs totalmente funcional é a técnica. Ninguém criou uma maneira confiável e eficiente de tornar os robôs autônomos de verdade. Entretanto, os cientistas fizeram progressos significativos nos últimos anos. A Defense Advanced Research Projects Agency, divisão de pesquisa e desenvolvimento do Departamento de Defesa, lançou um desafio de US$ 1 milhão aos tecnólogos e engenheiros nos Estados Unidos (em inglês) para criar um veículo robótico que pudesse se deslocar de modo autônomo por um trajeto de 320 km. Embora 15 veículos tenham entrado na competição, nenhum conseguiu cruzar a linha final.
O ano seguinte foi mais encorajador. Uma equipe de engenheiros da Universidade de Stanford ganhou o grande prêmio de US$2 milhões quando seu veículo autônomo completou o trajeto de 212 km em seis horas e 53m. Três outros robôs concluíram o percurso antes do limite de dez horas. O concurso comprovou que é possível projetar um robô que possa se deslocar por terra sozinho em velocidades comparáveis à maioria dos veículos militares.
Em 2007, a Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA) lançou um novo desafio: deslocar-se em um ambiente urbano complexo e simulado. Os veículos terão de simular uma missão de suprimento militar em uma cidade, o que significa que terão de conseguir se integrar aotrânsito, evitar obstáculos e seguir uma rota traçada. A equipe que melhor qualificar seu veículo ganhará US$2 milhões.
O Sistema de Transporte Remoto para todas as finalidades foi elaborado para desativar explosivos |
Além do aspecto técnico, o simples custo da pesquisa e da produção robótica é um desafio. Em 2006, o Departamento de Defesa estimou que o investimento total na pesquisa robótica no período de 2006 a 2012 seria de US$17 bilhões [fonte: Development and Utilization of Robotics and Unmanned Ground Vehicles]. À medida que os custos aumentam, os orçamentos se tornam mais restritos e o Exército é obrigado a sacrificar alguns dos seus planos. Muitos dos projetos robóticos dos militares estão sem financiamento, e há outros que estão suspensos por tempo indeterminado.
Portanto, há considerações éticas que surgem nas discussões sobre os soldados robóticos. Um país com uma força armada robótica estaria mais propenso a invadir outro país, sabendo que a invasão provavelmente resultaria em menos baixas? Ao eliminar o elemento humano da guerra, fazemos com que ela seja ainda mais desumana? Quando um robô falha durante uma missão, corremos o risco de enviar humanos para resgatá-lo e repará-lo? Podemos nos certificar de que os robôs saberão o momento de parar de atacar quando um inimigo se render?
Embora talvez estejamos a anos de distância de ver uma força de combate robótica eficiente, muitas pessoas acham que devemos tentar responder essas perguntas hoje. Os cientistas e engenheiros podem ser capazes de projetar robôs melhores ao decompor essas perguntas nos seus designs. Caso contrário, batalhões de "Exterminadores do Futuro" da ficção poderão estar um pouco mais próximo da realidade do que gostaríamos.
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